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A Bíblia e o pensamento económico

Tempo de leitura 6 minutos

A Bíblia - a Palavra de Deus opõe-se ao pensamento económico?

Em suma: A Bíblia defende a justiça e o amor ao próximo, por exemplo, mas não o pensamento económico que, infelizmente, está hoje predominantemente estabelecido como uma sociedade de cotovelos.

Mas deixemos que a própria Bíblia se pronuncie e vejamos o que a Palavra de Deus nos diz em termos de pensamento económico e de ação orientada em conformidade.

Pensamento económico secular

Por analogia com os Dez Mandamentos, são aqui mencionadas em primeiro lugar dez definições de pensamento económico secular. Cada orientação é acompanhada por um princípio fundamental, caraterísticas, exemplos, vantagens e desvantagens para uma melhor compreensão.

1. Pensamento clássico da economia de mercado

Princípio fundamental: A oferta e a procura regulam o mercado.
Caraterísticas: Mercados livres, concorrência, maximização dos lucros.
Exemplos: Liberdade empresarial, sinais de preços, concorrência como fator de eficiência.
Vantagem: Promove a inovação e o crescimento.
Desvantagem: Pode conduzir à desigualdade e à monopolização.

2. Pensamento socioeconómico

Princípio fundamental: A economia ao serviço da prosperidade social.
Caraterísticas: Justiça social, proteção dos mais fracos, intervenção do Estado para redistribuição.
Exemplos: Estado social, economia social de mercado, salário mínimo, subsídio de desemprego.
Vantagem: Promove a segurança social e a coesão social.
Desvantagem: Pode inibir a inovação ou conduzir a uma regulamentação excessiva por parte do governo.

3. Pensamento económico sustentável (pensamento ecológico)

Princípio fundamental: As actividades económicas devem ser ecologicamente sustentáveis a longo prazo.
Caraterísticas: Conservação dos recursos, proteção do clima, economia circular.
Exemplos: Promoção das energias renováveis, impostos sobre o CO2, cadeias de produção sustentáveis.
Vantagem: Proteção das gerações futuras e dos recursos naturais.
Desvantagem: Custos mais elevados e dificuldades de adaptação durante a transição.

4. Pensamento capitalista / orientado para o lucro

Princípio fundamental: Maximizar o lucro como objetivo principal
Caraterísticas: O investimento, a propriedade privada, a procura do lucro como motor do progresso.
Exemplos: Negociação na bolsa, capitalistas de risco, globalização.
Vantagem: Promove a concorrência, a inovação e o progresso tecnológico.
Desvantagem: Pode exacerbar a desigualdade social e promover o pensamento a curto prazo.

5. Pensamento económico cooperativo

Princípio fundamental: Cooperação em vez de competição.
Caraterísticas: Bem comum, participação, processos de decisão democráticos.
Exemplos: Cooperativas, economia de partilha, agricultura apoiada pela comunidade (AAC).
Vantagem: Promove um sentido de comunidade e de igualdade.
Desvantagem: Menos dinâmicos, frequentemente mais ineficazes do que os sistemas orientados para a concorrência.

6. Pensamento orientado para o consumidor

Princípio fundamental: As necessidades e os desejos dos consumidores estão em primeiro plano.
Caraterísticas: As necessidades dos clientes determinam a produção e o serviço.
Exemplos: O marketing centrado no cliente, o design thinking, a personalização dos produtos.
Vantagem: Aumenta a satisfação e a fidelidade do cliente.
Desvantagem: Pode levar ao consumo excessivo e ao desperdício de recursos.

7. Pensamento económico ético

Princípio fundamental: A atividade económica deve respeitar as normas morais e éticas.
Caraterísticas: Comércio justo, medidas anti-corrupção, respeito pelos direitos humanos.
Exemplos: Rótulos de comércio justo, responsabilidade social das empresas (RSE), cadeias de abastecimento sustentáveis.
Vantagem: Promove a confiança e a aceitação social.
Desvantagem: A aplicação e o controlo das normas éticas podem ser difíceis e dispendiosos.

8. Pensamento de economia planificada

Princípio fundamental: O controlo e o planeamento do Estado dirigem a economia.
Caraterísticas: Decisões centralizadas, objectivos de produção estatais, ausência de mercados livres.
Exemplos: Antigos Estados socialistas, planos quinquenais, subsídios.
Vantagem: Pode promover a igualdade e a estabilidade social.
Desvantagem: Muitas vezes ineficazes, com falta de inovação e flexibilidade.

9. Pensamento empresarial inovador e tecnológico

Princípio fundamental: O progresso tecnológico e a inovação são motores de crescimento.
Caraterísticas: Investigação e desenvolvimento, digitalização, empresas em fase de arranque.
Exemplos: Inteligência artificial, Indústria 4.0, economia das plataformas (por exemplo, Amazon, Uber).
Vantagem: Aumenta a eficiência e a qualidade de vida.
Desvantagem: Risco de monopolização e de perda de postos de trabalho devido à automatização.

10. Pensamento económico cultural ou tradicionalmente caracterizado

Princípio fundamental: Os valores tradicionais e as caraterísticas culturais determinam o comportamento económico.
Caraterísticas: Respeito pelas tradições locais e pelos valores da comunidade.
Exemplos: Agricultura de subsistência, mercados locais, artesanato tradicional.
Vantagem: Preserva a identidade cultural e a diversidade local.
Desvantagem: Não consegue manter-se firme na concorrência mundial.

Pensamento económico bíblico

O pensamento económico bíblico baseia-se em princípios divinos que dão ênfase à justiça, à responsabilidade social e ao cuidado com o próximo. Embora a Bíblia não prescreva teorias económicas modernas, fornece numerosas orientações e valores para um sistema económico justo e sustentável.

Princípio fundamental

A atividade económica deve estar ao serviço da justiça, da misericórdia e da solidariedade.
Os recursos, os talentos e a riqueza são dons de Deus e devem ser utilizados de forma responsável.
O objetivo não é a maximização do lucro egoísta, mas a prosperidade e a bênção para a comunidade.

Caraterísticas

Trabalho e responsabilidade: Cada um deve trabalhar o melhor que pode e gozar os frutos do seu trabalho.
Provérbios 12:11O que lavra o seu campo terá abundância de pão, mas o que persegue a vaidade carece de entendimento.
2 Tessalonicenses 3:10Porque quando estávamos convosco, ordenámos-vos isto: Se alguém não quiser trabalhar, também não comerá!
Justiça e equidade: Os salários justos e o comércio honesto são fundamentais.
Provérbios 11:1As balanças falsas são uma abominação para o Senhor, mas o peso completo é-lhe agradável.
Tiago 5, 4Eis que o salário dos trabalhadores que cortam os vossos campos, que tendes retido, está a clamar, e o grito dos ceifeiros chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos!
Proteger os fracos: Existem regulamentos especiais destinados a proteger as viúvas, os órfãos, os pobres e os estrangeiros.
Êxodo 19, 9-10Quando fizeres a ceifa da tua terra, não ceifarás completamente a orla do teu campo, nem respigarás depois da tua ceifa.
Não respigarás a tua vinha, nem colherás o fruto caído da tua vinha; mas deixá-lo-ás ao pobre e ao estrangeiro, porque eu, o Senhor, sou o teu Deus.

Partilha e generosidade: A generosidade é sublinhada como uma virtude.
Lucas 6, 38Dai, e dar-se-vos-á; uma boa medida, recalcada, sacudida e transbordante, será derramada no vosso peito. Porque com a mesma medida com que medirdes a [outros] vos será medido a vós.
Actos 2, 44-45Mas todos os crentes estavam juntos e tinham tudo em comum;
Vendiam os bens e as posses e distribuíam-nos por todos os necessitados.
Perdão e anulação da dívida: O ano sabático e o ano de remissão põem a tónica no perdão das dívidas e num novo começo social.
Deuteronómio 15, 1-2Ao fim de sete anos, deve ordenar a anulação da dívida.
A ordem da remissão é esta: todo o devedor remitirá o empréstimo da sua mão que fez ao seu próximo; não oprimirá o seu próximo nem o seu irmão, porque foi proclamada a remissão da dívida do Senhor.
Êxodo 25 - (resumo)
A terra deve descansar de sete em sete anos. Durante esse ano não se pode cultivar nem colher. Todos podem comer o que cresce por si só, incluindo os escravos, os estrangeiros e os animais.
Após sete anos sabáticos (49 anos), o ano da remissão deve ser celebrado no 50º ano. Todas as dívidas são anuladas e todas as terras arrendadas voltam aos seus proprietários originais. Ninguém pode ser enganado, nem na compra nem na venda de terras.
A terra pertence a Deus e as pessoas são apenas hóspedes. A terra não pode ser vendida de forma permanente. Se alguém vendeu a sua terra, tem o direito de a comprar de volta. Os israelitas não podem ser escravizados de forma permanente; têm direito à redenção e à liberdade no ano da libertação.
Advertência contra a ganância e a riqueza: A ganância e o amor ao dinheiro são fortemente criticados.
Mateus 6, 24Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou há-de apegar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom!
1 Timóteo 6:10 - Porque a cobiça é a raiz de todos os males; alguns que se entregaram a ela afastaram-se da fé e causaram a si próprios muitas dores.
As pessoas pobres devem ser apoiadas sem cobrar juros.
Se alguém se vendeu como escravo, não deve ser tratado como um escravo, mas como um trabalhador assalariado.

Exemplos da Bíbliaeu

O ano sabático: De sete em sete anos, a terra deve descansar e as dívidas devem ser anuladas. Isto promove a sustentabilidade e a justiça social.
A parábola dos talentos: A multiplicação de talentos através do trabalho e da utilização inteligente dos recursos é recompensada. (ver Mateus 25, 14-30)
A igreja primitiva: Os primeiros cristãos partilhavam os seus bens para apoiar os mais necessitados.
Actos 2, 44-45Mas todos os crentes estavam juntos e tinham tudo em comum;
Vendiam os bens e as posses e distribuíam-nos por todos os necessitados.
Maná no deserto: Deus deu comida aos israelitas, mas eles só deviam colher o necessário - uma referência à moderação e à confiança. (s. Êxodo 16)

Vantagens do pensamento económico bíblico

Justiça social: A proteção dos fracos e dos pobres promove a coesão social e reduz as desigualdades.
Sustentabilidade: Os anos sabáticos e sabáticos garantem que os recursos são utilizados de forma responsável.
Economia moral: A honestidade e a justiça no comércio e no pagamento dos salários criam confiança e estabilidade a longo prazo.
Sentido de comunidade: A generosidade e a partilha reforçam a coesão e ajudam a aliviar as dificuldades sociais.
Proteção contra o materialismo: As advertências contra a ganância e o amor ao dinheiro impedem que a riqueza se torne um fim em si mesma.

Os desafios

Realização difícil: Ideais como a anulação da dívida ou a partilha da propriedade são difíceis de implementar na economia moderna.
Risco de abuso: A generosidade e a justiça social podem ser exploradas se os indivíduos se apoiarem na generosidade dos outros.
Orientação limitada para o mercado: O pensamento económico bíblico enfatiza mais a comunidade e a justiça do que a liberdade individual e a busca do lucro, o que poderia restringir o crescimento económico.
Complexidade dos sistemas económicos modernos: A Bíblia foi concebida para sociedades agrárias ou locais simples. Os modernos sistemas comerciais e financeiros globais exigem regras mais complexas.

O pensamento económico bíblico baseia-se, portanto, numa visão holística de justiça, cuidado e sustentabilidade. Apela à utilização responsável e moral dos recursos e à proteção dos mais fracos.

A oportunidade numa base bíblica

Embora possa ser difícil aplicar exatamente estes princípios na economia moderna, eles servem de bússola moral para um sistema económico mais justo e sustentável. Tanto mais que a Palavra de Deus é o princípio orientador, desde que O deixemos no comando não só das nossas vidas, mas também dos nossos "negócios".

A dōTERRA enfrentou estes desafios com o seu sistema de distribuição.
As equipas que foram criadas e estão a ser criadas no âmbito deste sistema (não, não Toll Eem UMmais Moito!) são constituídos por pessoas de diferentes nacionalidades, profissões, idades e crenças.
Muitos partilham a compreensão cristã da gestão, embora de forma individualizada.
Infelizmente, também há ovelhas negras aqui, como em toda a parte na vida. Mas mesmo essas podem ser um desafio para lhes dar um incentivo para repensarem a sua própria atitude através de uma vida passada agradavelmente diferente.

Desde que o pensamento económico seja orientado para valores de base bíblica, não importa o nome que se dê ao "sistema".
Um sistema que não faz justiça aos aspectos cristãos não terá qualquer hipótese de sobrevivência duradoura entre os "empregados" cristãos. Algumas empresas já tiveram de aprender da pior forma que ao grande sucesso se seguiu uma derrota incomparavelmente maior. Não foi apenas o caso dos que estavam no fim da cadeia, mas também dos que ganharam muito dinheiro.
Deus é justo e permite a cada um colher os frutos que ele próprio semeou. Deus criou-nos humanos à sua imagem, ou seja, como seres humanos auto-responsáveis e não como marionetas. Também não viola ninguém, impondo-lhe a sua vontade: é a liberdade de opinião e a liberdade de ação.

No sentido humano, o "trabalhador por conta própria" é independente. No sentido bíblico, porém, se pensar e agir com sabedoria, ele é completamente dependente de Deus como seu Criador e empregador.
Ele está sempre a trabalhar, não para se glorificar a si próprio, mas para glorificar Deus.

Enquanto o trabalhador independente é muitas vezes levado pelo medo de ganhar pouco, pode, sob a orientação de Deus, dedicar-se à atividade da fé. Ele pode deixar-se aconselhar e guiar pelo Espírito Santo de Deus, como conselheiro e como mestre. Ele pode agir com auto-controlo, com amor e gentileza, bondade e fidelidade, com paciência e paz interior, com alegria em relação à sua contraparte, se tiver Deus como seu "parceiro de negócios" e vir o terceiro à Sua luz.

Esta maneira de ser "agradavelmente diferente" torna o seu interlocutor curioso e, por experiência, é mais suscetível de o colocar no caminho do sucesso em direção a Deus do que algumas pessoas que tentam matar tudo e todos com a Bíblia.

Conclusão

Portanto: se o seu pensamento económico estiver orientado para Deus, Ele dar-lhe-á os conselhos em todas as decisões que o aproximarão d'Ele e dos seus semelhantes, servindo tudo para o melhor e ajudando-o, assim, a alcançar mais sucesso e prosperidade do que alguma vez conseguiria por si próprio!

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